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O rádio no Brasil merece comemorações!

Foto da primeira transmissão oficial do rádio no Brasil, em 8 de setembro de 1923

(Foto: Arquivo Rádio Mec)

Para comemorar os 100 anos da Independência do Brasil, alguns engenheiros em conjunto com membros da política nacional decidiram realizar a execução da primeira transmissão radiofônica oficial em solo brasileiro. A empresa Westinghouse Electric, junto com a Companhia Telefônica Brasileira, instalou no alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, uma estação de 500 W, usada para transmitir discursos oficiais naqueles dia. O discurso de abertura foi do presidente Epitácio Pessoa, às 12h30 no Parque do Flamengo, zona sul do Rio, que foi ouvido em 80 receptores instalados em Niterói, Petrópolis e São Paulo. No mesmo dia, à noite, a ópera “O Guarani”, foi transmitida do teatro municipal para alto-falantes instalados na exposição comemorativa da independência, assombrando a população ali presente. 

 

À frente da iniciativa estava o cientista e educador, Edgar Roquette-Pinto, considerado o pai da radiodifusão brasileira. “Segundo o depoimento do próprio Roquette, praticamente ninguém ouviu nada da transmissão, porque o barulho da exposição era muito grande”, conta o historiador, Milton Teixeira. “Os alto-falantes eram relativamente fracos, mas mesmo assim causou uma certa sensação a transmissão do discurso do presidente Epitácio Pessoa e das primeiras músicas”, diz.

 

Apesar da transmissão durante a celebração do centenário da Independência, o início efetivo e regular das transmissões do rádio ocorreu somente no ano seguinte, mais uma vez graças ao esforço de Roquette-Pinto. Ele tentou em vão convencer o governo a comprar os equipamentos da Westinghouse, que permitiram a transmissão experimental. A aquisição foi feita pela Academia Brasileira de Ciências, e assim entrou no ar, em 20 de abril de 1923, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. A emissora pioneira é a atual Rádio MEC, que foi doada pelo próprio Roquette-Pinto ao Ministério da Educação em 1936. Nesse ano, também foi fundada, a princípio como emissora privada, a Rádio Nacional, que seria incorporada ao patrimônio da União na década de 40.

 

Para Sonia Virginia Moreira, professora de comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e autora de livros sobre a história do rádio, a década de 20 foi o chamado período experimental do veículo. “Era experimental em termos de programação, sobre o que se podia fazer no rádio, mas muito interessante em termos de organização do meio. Como não havia nenhuma história, nenhuma memória do meio, o que se fez num primeiro momento foi organizar as pessoas ou as pessoas se organizarem”, destaca.

 

 “O resultado foi a constituição de grupos e associações que se reuniam em torno do rádio”, acrescentou. Esses grupos e associações eram formados por pessoas que emprestavam discos para as emissoras. “As rádios ficavam poucas horas no ar, porque os transmissores não tinham capacidade de transmitir durante muito tempo”, conta a professora.

 

Nessa fase, o rádio não era nem público e nem comercial, mas sim um meio comunitário. A era do rádio comercial surge a partir de 1932, quando o presidente Getúlio Vargas, através do Decreto 21.111, autorizou as emissoras a ter até 10% de sua programação sob a forma de publicidade. “Até então, o rádio era sustentado apenas por contribuições de seus próprios ouvintes, que eram os mesmos que ajudavam a fazer a programação.”

 

Daí para frente...

 

Com a permissão da publicidade, se plantou a raiz do modelo de rádio que a partir da década de 40 se consolidou no país, o do veículo comercial, conforme a professora. “Naquele momento, marcado pela Segunda Guerra Mundial, os americanos passaram a influenciar não só a programação como o próprio modelo de rádio feito no Brasil, eminentemente comercial, a exemplo do que se fazia nos Estados Unidos”, conta Sandra Moreira. Assim, o Rádio perde sua característica cultural e passa a ser visto como meio de comunicação de massa. A consequência foi a popularização da programação, o que possibilitou ao rádio viver sua época de ouro, entre os anos 30 e 40, oferecendo, principalmente, entretenimento e informação.

 

Desse modo, o rádio passa a estar no centro do desenvolvimento do país. Visto que, passa a exercer grande influência em todos os campos, tendo poder decisivo seja no campo da economia e político, seja no campo social, religioso, cultural e educativo.

 

A cada década

 

  • Em 1960, a televisão chega ao Brasil e impõe ao rádio uma nova ordem de produção. Tem início uma nova fase, na qual os programas de entretenimento ganham força e área comercial se expande.

 

  • Em 1970, o rádio sofre mais uma sensível mudança. Surgem, no Brasil, as primeiras emissoras de frequência modulada (FM). Esta nova modalidade abre mais um caminho no mercado de comunicação, ou seja, essa modalidade de emissoras volta-se para o aperfeiçoamento das programações musicais. Em 1976, como forma de institucionalizar a ferramenta em favor do Estado, o governo cria a Radiobrás – Empresa Brasileira de Radiodifusão - para “organizar emissoras, operá-las e explorar os serviços de radiodifusão do Governo Federal.

 

  • Na década de 1980, ocorre a massiva instalação de rádios, tanto AM como FM, via satélite. Com o advento dos Compact Discs (CD's), as transmissões ganham mais qualidade sonora e agilidade. Também acontece o "boom" das chamadas "rádio piratas", ou se preferirem, "rádios livres".

 

Daí em diante, o rádio lutou bravamente para sobreviver. Passados 90 anos, a internet permite, de certa forma, um retorno às origens do rádio. Ganhou novas formas com o surgimento da internet, assumiu novas bandeiras, com a criação das rádios comunitárias. Mas, mesmo com todos os seus problemas, sempre estabeleceu uma relação íntima com o seus ouvintes, e sempre alimentou muitas imaginações.

 

(Colaboração: Victor Albergaria/Paulo Virgílio [Agência MEC]/Rádio Blog).

 

 

 

 

Edgar Roquette-Pinto (Foto: Divulgação/Ministério da Cultura)

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